Uma travessia...por vezes fácil, outras vezes difícil. Um deserto, onde se tenta desesperadamente encontrar um oásis para ai permanecer, pelo menos na triste ilusão de ser feliz.

junho 03, 2009

Eu sei que de onde estás, estiveste a rir e a troçar de nós!

Quando se fala em justiça, o meu nariz torce sempre e nunca sei muito bem o que responder.

Quando li aquilo que uma amiga escreveu, mesmo não sabendo se era de mim que ela falou, aquelas palavras fizeram um sentido absurdo e eu percebi que ainda os ressentimentos não passaram.

Quando se fala em justiça, eu relembro os dias que sofri com a ausência e a indiferença com que fui tratada, as promessas que quis cumprir e que ninguém me deixou.

Quando se fala em justiça, acredito que vou fazer bem a alguém para compensar todo o mal que fiz, e sei que algum dia vou olhar para ti e saber que como me trataste foi a melhor forma de cada um seguir em frente.

Se houvesse justiça, tu agora sofrerias por mim. Adormecias frio na tua cama nova e vazia, a resmungar que se o tempo voltasse atrás terias com quem partilhar a solidão de uma divisão.

Se houvesse justiça, eu seria agora a princesa da vida dos meus pais, o orgulho com que eles enchiam o peito e eles juntar-se-iam e iriam chorar e rir pelos 20 anos em que não se falaram.

Se realmente houvesse justiça, ele não teria morrido daquela maneira. Seria encontrado morto numa cadeira, de cigarro na boca e copo de whiskey na mão. Teria uma posse de austeridade lunática, os gatos roçar-se-iam nas pernas frias e a boca teria um sorriso hipócrita.
Mas quando se fala em justiça, eu não acredito na justiça.Ele afinal estava deitado no chão, coberto de sangue, numa estrumeira a que chamava casa, suja e imunda, degradada, vandalizada e violada. Não tinha ninguém como companhia, nem o cão, nem os gatos, nem o alcool de toda a vida. E não teve tempo. Não teve tempo de amar ninguém, de ser perdoado e abraçado. Nem tempo de um funeral abençoado onde todos pudessem vê-lo e gritar o quanto o odiavam e repugnavam.
Não teve tempo para nada porque a carne quando perde a vida, deixa de ter tempo.

Mas quando se fala em justiça, eu sei que ela fugiu. Porque até quando o pai dele morreu, ele gozou e toda a gente falava mais dele do que do defunto.
Ele nunca foi justo com nada e a morte também não foi justa com ele.

1 comentário:

Anónimo disse...

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