Fiquei rouca de falar tão alto. Acho que tive um ataque de algo que quase pode ser quase comparado a raiva, mas eu sei que não foi.
Foi um grito alto. Um grito que estava contido há tempo demais. E por coisa nenhuma, soltou-se da forma mais ingrata que podia ter acontecido.
Tu não mereces que eu te trate assim. Sempre foste uma escrava dos teus ideais, da tua miséria e do teu sacrifício, de uma vida que não te reservou grandes glórias, para além do esforço do teu trabalho de todos os dias, e do teu espírito empreendedor, dentro das limitações de alguém que pouca instrução teve.
Mereces ser a rainha do teu casarão, que criados te sirvam e costurem por ti. Que te calcem, te penteiem, te dêem banho e te perfumem. Mereces o teu descanso de guerreira que foste. Mereces a tua poltrona. A cadeira da eternidade mais confortável que o cadeirão de madeira em que gostas de te sentar.
Mereces que te beijem e que te amem. Que digam que te respeitam e que te façam rir. Que cozinhem para ti como se fosses tu própria, só para não sentires a diferença do paladar habituado às tuas próprias receitas.
Mereces que a indiferença dos quem por tu te sacrificaste acabe.
Mereces que eu cuide de ti e que te de diga que por mais gritos que dê e por mais rouca e irritada que fique, que gosto de ti e que sei dar-te todo o valor que mereces e que eu te vejo como o meu exemplo de vida.
E não quero que acabes as rendas que tens por fazer.
Porque quando as terminares, nesse dia, saberei que morrerás.
Uma travessia...por vezes fácil, outras vezes difícil. Um deserto, onde se tenta desesperadamente encontrar um oásis para ai permanecer, pelo menos na triste ilusão de ser feliz.
maio 04, 2009
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