Uma travessia...por vezes fácil, outras vezes difícil. Um deserto, onde se tenta desesperadamente encontrar um oásis para ai permanecer, pelo menos na triste ilusão de ser feliz.

fevereiro 29, 2004

Fim (dias que passam)
Porque será que nós ainda nos damos ao trabalho de rebuscar o passado, na esperança ignóbil de ficarmos um pouco mais miseráveis do que aquilo que somos ou estamos?! Para quê associar musicas, filmes, actos a pessoas, momentos tristes, ou outras situações menos agradáveis... Não é certo que tudo o que é triste é suposto ser esquecido?! Então porquê esta necessidade masoquista... .
"O tempo tudo destroi", acho.Do teu lado, do meu lado, de lado nenhum... Não vale apena atribuir culpas, uma vez que nada há para mostrar, nem nada de mal foi feito que não tivesse sido perdoado.


Como este texto não é de minha autoria, fica apenas como uma pequena introdução à música que se segue.


- Fim (dias que passam) -

Neste infinito fim que nos alcançou
guardo uma lágrima vinda do fundo
guardo um sorriso virado para o mundo
guardo um sonho que nunca chegou

Na minha casa de paredes caídas
penduro espelhos cor de prata
guardo reflexos do canto que mata
guardo uma arca de rimas perdidas

Na praia deserta dos dias que passam
Falo ao mar de coisas que vi
Falo ao mar do que conheci...

No mundo onde tudo parece estar certo
guardo os defeitos que me atam ao chão
guardo muralhas feitas de cartão
guardo um olhar que parecia tão perto

Para o país do esquecer o nunca nascido
levo a espada e a armadura de ferro
levo o escudo e o cavalo negro
levo-te a ti... levo-te a ti para sempre comigo...

Na praia deserta dos dias que passam
Falo ao mar de coisas que vi.
Falo ao mar do que nunca perdi.

Toranja

fevereiro 24, 2004

Carnaval
A menos de 24h do regresso à capital, fica demonstrado que cá no sitio o povo vive o carnaval de um modo completamente diferente do resto do planeta. Onde nos outros sitios a fantasia e as máscaras prevalecem, manda a tradição o povo vestir-se a rigor para a noite de gala, onde o coliseu de Ponta Delgada era o destino privilegiado. Como o Coliseu está para obras, este ano os destinos multiplicaram-se tentando imitar as tão honradas festas do já dito. Fica então o desejo que para o Carnaval 2005, o mesmo já se encontre bem de saúde para o Carnaval não continuar a ser a palhaçada que já é.

fevereiro 20, 2004

De onde vimos? O que somos? Para onde vamos? (Gauguin)


Paisagem
Já experimentaram deitar-se na relva e olhar para o céu em eterna partilha com tudo, como se o ser não existisse como indivíduo, mas como um todo?
E levantar? Desfazer essa união? Causa vertigens…é estranho.
“ Da terra vieste à terra voltarás”. Essa máxima prevalece.
Suposto modernismo

Este ano é o 7º ano que sai da ilha. O que posso eu dizer sobre isso?

Pois bem… de acordo com os cartazes do PS, já que aqui na região o povo se prepara para as eleições autónomas, “Facto é facto. Hoje nos Açores vive-se melhor”.

E é verdade. Ninguém pode dizer o contrário. A ilha teve um desenvolvimento estrondoso face às outras regiões do país, tanto a nível de infra-estruturas, como turismo, habitação, etc, etc. De acordo com as estatísticas últimas, calcula-se que residam 100 mil pessoas num pedaço de terra no meio do mar. Nestes dois últimos anos foi um só de construir hotéis todos modernos e “xpto´s”. O nível de vida desta gente aumentou imenso. Só desejo que se mantenha e que se arraste às restantes ilhas, não concentrando tudo na mesma. Como aumente também o nível de Cultura, o que daria imenso jeito.

Não sei a que se deve, se ao Estado, se ao Governo Regional, se às Câmaras, mas deve-se a alguém ou a um trabalho conjunto. Portanto, os meus parabéns a esse “alguém”.

Só lamento imenso que ainda se veja a região como um tanto sub-desenvolvida, mas não será de facto essa a verdadeira realidade? Não escondamos a indecência desta terra por detrás de hotéis “5 stars” e estradas arranjadas. Que esse “alguém” a quem eu atrás agradeci que actue de modo a não se olhar mais para os açorianos como um “bando de pardais à solta” quando vão ao “continente”.


Onde anda a Educação?

Aproveitando o raciocínio anterior, a educação tem que mudar. Alguma coisa tem que mudar.
Talvez o mundo tenha todo que mudar. Uma nova Arca de Noé podia-se construir e apenas se guardariam os animais, já que nós não mereceríamos ser salvos. Gasta-se milhões de euros em coisas inúteis, em festas, em negócios milionários e como é possível que haja crianças de 15 anos que mal consigam escrever o seu nome? Onde andam as assistentes sociais, toda essa gentinha ligada ao bem-estar dos mais carentes?

Peço desculpa por este meu discurso politicoide, sei que só falta dizer a tão bela frase, não “inverdadeira”: “gasta-se milhões com o Euro2004 e continua a haver listas de esperas nos hospitais”. Mas como mentiras não digo, este lamento inalterado pode ser. Soa num tom Manuela Moura Guedes, mas infelizmente é o que consta.

Parece-me, de tantas histórias que ouvi contar como todas aquelas que presenciei, que os nossos queridíssimos governantes só se preocupam que nas estatísticas deste país à beira mar plantado, apareça um baixo nível de insucesso escolar, baseado na entrega de diplomas de escolaridade obrigatória concluída. E depois admiram-se e contesta-se que o 12º ano deve ser obrigatório. É claro que deve. Mas por favor… isto já é degradante. Não destruam por completo o sistema de ensino, isto se, ele não se auto destruir por si, já que o nível de preparação infelizmente é extremamente baixo.

Como é possível que os alunos consigam passar anos seguidos com negativas a Português e Matemática? Como é possível que se um aluno tiver uma negativa a uma disciplina nuclear e mais duas ou três, ou lá como as normas estão estabelecidas, consiga acabar o 9º ano sem problema algum? Seria mais fácil que ao nascermos os nossos papás, quando nos fossem registar, encomendassem e deixassem reservado logo o canudo. Que bom era a vida! Já que não vale a pena trabalhar, então não se trabalhe mesmo nada.

A minha mãe teve no ano passado uma bela turma de um tal programa recorrente chamado Pop. Segundo ela, eram alunos que chegaram ao 2º ciclo, pois a idade assim o reclamava. Agora digam-me… será justo alunos que mal sabem ler ficarem com o 6º ano e iniciarem o 7º ano para em 2 anos ficarem com as mesmas habilitações que um aluno que tem um percurso normal de 5 anos? Não seria mais adequado dar uma diferente instrução a estes miúdos, algo que os preparasse para um futuro profissional e que lhes indicasse ao menos um norte? Onde andam as escolas profissionais, os subsídios da Europa?
Afinal, onde anda a Educação?

Asneiras

Finalmente já percebi o porque do “contigente”. Não estou a baixar a imagem a ninguém, muito menos aos açorianos que como toda a gente, também têm direito à vida e coisas boas, mas a realidade não pode ser desmentida. Ainda não consigo ter conversa nenhuma interessante com ninguém.

A boa conversa de café é estar uma hora sem dizer nada e quando se abre a boca ou é para beber ou dizer asneiras. Será que, algum dia, conseguirei fazer parte destas conversas? Ou sou assim tão básica que não consigo estar com um copo na boca, ou que me calhe ter que começar a divertir-me com uma palhinha, a queimá-la na vela redondinha que ardia estupidamente em cima da mesa?
E depois admiro-me que me olhem com cara de enjoada dramática. Não se faz nada.
Ao menos é Carnaval. Alguém tem que fazer de palhaço. Desta vez calhou-me a mim.


Moda

Em Outubro abriu cá na ilha o 1º grande centro comercial dos Açores: Parque Atlântico. Mais um tentáculo do grupo Sonae que já cá se fazia representar com hipermercados Modelo.

Mas o que é engraçado e não pondo de parte o valor das peças e a sua beleza, principalmente, porque tendo em conta as minhas poucas ou nenhumas capacidades económicas, é o que uso no meu “corpinho”, as micaelenses agora andam todas muito jeitosas a passear as suas novas peças de Zaras, Breskas, Mangos, Stradivarius, etc, etc. Os meninos por incrível que possa parecer, gostam agora de se armar em betinhos e diga-se, que lhes fica muito melhor do que com os trajes antigos que fardavam.

Ou seja, os espanhóis vieram para ficar e qualquer dia começam a aleanar estes nossos compatriotas. A língua não é impedimento, já que a diferença entre perceber espanhol e micaelense é mínima. Venha o diabo e escolha!

Terra

Sabem aquela frase de Sócrates que diz “Não sou ateniense nem grego mas sim um cidadão do mundo”? Se a quiserem ler, podem dirigir-se à estação de metro da Cidade Universitária, que lá está ela escrita em letras garrafais.

Hoje li uma outra frase que me fez pensar: “ Onde se nascia era um acidente; a verdadeira pátria era a que se escolhia, com o corpo e a alma”.
Vim duas horas no avião a pensar nisto, interessante, não?

Eu sinto-me assim. Não tenho terra, não tenho nada. Por vezes sinto-me como uma vagabunda a deambular por ai, sem poiso. Mas é a verdade. Já vivi em tanto sítio que não sei como me considerar. Não me sinto da terra de ninguém, mas sim de toda a terra.

Tenho a leve sensação que ainda não encontrei a minha terra. Talvez somente quando assentar de vez e constituir família consiga afeiçoar-me a algum sitio e ao qual eu tenha a felicidade de chamar “a minha terra”.
Passar 18 anos dividida, sempre a andar de um lado para o outro, tem as suas vantagens, mas garanto que tem imensas desvantagens. Talvez a minha necessidade de alcançar uma certa estabilidade emocional se deva a isso precisamente: a nunca ter tido estabilidade.
É engraçado que vamos crescendo e ganhamos máscaras que nos estereotipam para o resto da vida. A minha é a de uma teenager inconsciente que não sabe nada da vida e que só diz asneiras. Viva as máscaras!

fevereiro 16, 2004

Pessimismo Extremo

Ave da Esperança

Passo a noite a sonhar o amanhecer.
Sou a ave da esperança.
Pássaro triste que na luz do sol
Aquece as alegrias do futuro,
O tempo que há-de vir sem este muro
De silêncio e negrura.
A cercá-lo de medo e de espessura
Maciça e tumular;
O tempo que há-de vir – esse desejo
Com asas, primavera e liberdade.
Tempo que ninguém há-de
Corromper
Com palavras de amor, que são a morte
Antes de se morrer.


Só tenho pena de não ter sido eu a escrever este poema. Mas Miguel Torga escreveu-o. Talvez por nestas poucas palavras caracterizar o meu intimo tão perfeitamente, é o meu poeta de eleição. Se houvesse uma enciclopédia para a minha pessoa, no prefácio estaria este poema. Ou então seria uma espécie de resumo.

Palavras de amor…. O maior veneno que existe. Mata-nos. Leva-nos à loucura. À desilusão. À existência sem sentido. São palavras simples que nos contorcem, que nos moldam todos os sentimentos interiores, que são profanadas por ai sem qualquer significado e valor. Crucificam palavras belas ditas em possíveis situações especiais sem ter medo, como se a importância que lhes é revestida não interessasse para nada. Já ninguém espera para dizer “gosto de ti” ou algo mais especial… usam-nas logo, como de um brinquedo se tratasse. Com as palavras não se brinca. Sejam ouvidas ou ditas, elas ficam sempre na memória. Badalando a cada sinal ou gesto menos normal. Olha-se ao redor e estragam-se as palavras, já ninguém ama somente por amar.
A violência e a agressão fazem parte do dia a dia dos novos casais. Namora-se com alguém e há mais discussões que abraços. Grita-se com o outro, chama-se nomes à pessoa da qual se gosta. Onde está o afecto, o carinho?

Isto é inaceitável, mas é o pão de cada dia. Faz-me confusão ver amigos que namoram e andam sempre a discutir, humilham-se, gritam, e que no final para pedir desculpa quando têm consciência que erraram ou nem isso têm, dizem “amo-te muito” e pronto, fica tudo bem.

As pessoas já não têm respeito por elas próprias nem por ninguém. A espécie humana decaiu num tal grau de vergonha, que já não há salvação. As amizades são por conveniência, os casamentos por dinheiro e a compaixão é pela herança. Tornamo-nos tão frios e tão cruéis que ofendemos e magoamos a toda a hora, não damos conta do que dizemos, das acções que temos, nem do que pensamos.

Talvez tenha criado uma barreira como Torga. Um muro. Uma muralha. Não sei. Só gostar já não importa. Já não interessa. É preciso mais. É preciso saber gostar e já ninguém sabe. Não nos compadecemos com o próximo e olhamos de cima para a indiferença prevalecer. “Gostar” não é só andar aos namoricos e beijinhos mas é mais. É haver preocupação, ver os defeitos e o que é bom, rir quando tem piada e chamar a atenção quando está mal, é respeitar, é lutar, é conversar, ouvir, e fazer entender. É pensar num futuro. É ter planos. Não há relação perfeita, mas há uma boa relação. E isso já há pouco.

Chamem medo a estas minhas palavras que eu não me importo. Quem não tem medo de sofrer? Eu tenho. As pessoas já não são sinceras. É isso que me revolta. Às vezes a vida mais parece que não existe. Mas sonho. Continuo a tentar aquecer-me ao sol, para num futuro não magoar nem sofrer. Sim, porque nesse futuro, onde serei esse tal pássaro, já não terei a minha muralha e já não estarei fechada e nem terei medo de voar.

fevereiro 08, 2004

Mais um Domingo. Um excelente dia da semana. Pena que quando é Domingo pensamos logo em Segunda-feira.
Mas que tenho eu a dizer...hoje, felizmente nada de especial, a não ser que sou uma anulidade em desenho. Digo isto porque esta noite fui para casa de um amigo jogar Diciopinta ou lá o que é, uma especie de Pictonary. Pode-se dizer que a minha equipa não conseguiu ganhar, o que é fascinante. Mas foi uma boa noite de serão. Espero voltar a ter noites fixes assim. Ri-me bastante e foi engraçado. Sou da opinião que uma noite assim é muito mais fixe que longas jornadas de disco até as 07h.

Por hoje é tudo, na esperança de aperfeiçoar o meu dom artistico.

fevereiro 07, 2004

Devo acrescentar que hoje é um dia diferente! A Sandra faz anos! Muitos parabéns minha querida!
À pois é...
Estou cansadissima. Estive até agora a ajudar a preparar um festival da canção jovem e cheguei agora a casinha. Como há lá tv estive a ver os Globos de Ouro. Fascinante a colectânea de pessoas famosas presentes naquele recinto! Imaginem lá o que era uma bomba lá dentro como hoje no metro em Moscovo! Ficavamos sem estrelas de cinema! Emocionante! A grande perda era realmente aqueles vestidos lindissimos cheias de lantejoulas e brilhantes! Que bonito!

fevereiro 06, 2004

Hoje não tenho muito a dizer.Estou cansada,exausta de mais uma semana. Apetece-me fugir para algum lado e deixar de encarar este mundo que me envolve. Esta tarde estive a ler a Antígona. Muito bom mesmo.
Sinto-me desiludida e triste com a vida. Espero que este sentimento mude. Assim não pode ser. Falta-me ânimo e alguma coisa que me faça encarar isto tudo com sentido. Qualquer dia interrompo a escola e vou passear.

fevereiro 05, 2004

Bom dia.

Hoje escrevo pouco porque estou na escola e vim ver só se tinha emails interessantes, mas somente constavam aqueles a que se mandam a toda a gente e nada que eu pudesse dizer ser "pessoal"... :(

Fica então aqui o meu eterno agradecimento à minha colega Cláudia que me escreveu no seu blog o conselho de me dedicar à meditação. Já tinha pensado nisso, sabias? Mas ainda não encontrei nenhuma escola nem ninguém que me ensinasse a fazê-lo.Não é tão simples como isso saber meditar e é necessário algum treino para o conseguir fazer bem e correctamente. Assim fica o pedido de me informarem se alguém souber duma escola/entidade que me ajude nisso.

Acho por bem referir que hoje de manhã vinha em amena cavaqueira no autocarro com uma amiga da escola de Mafra, a comentar sobre cenas caricatas que acontecem todos os dias, quando um senhor conta que outro dia ficou o trânsito interrompido na Calçada de Carriche porque um casal se pôs à estalada dentro do carro. Acho muito bem...mas não metam os outros nas vossas brigas conjugais pois ninguém tem nada com isso. Sinceramente!Já não basta o trânsito às 08h00, ainda temos que levar com as brigas de namorados. Que não se siga o exemplo!

Desejem-me boa sorte po teste de Economia!

fevereiro 04, 2004

heil hither

Pois é...

Hoje estive a dormir a sesta e durante o meu curto sonho começou a dar um documentário sobre o senhor Adolf Hitler. Como é obvio, o meu sono foi-se e dediquei 50 minutos a este senhor, já que sempre nutri por ele uma admiração, algo mórbida, pois tá claro. Como sou adepta de situações desastrosas e dificeis, amores platónicos e de passeios e viagens algo estranhos, prestei a pouca atenção que me resta, na tentativa que os cientistas fazem para definir o perfil algo diferente deste nosso "amigo". Tarefa dificil, como é certo, mas a verdade é espantosa, ou pelo menos o que eles assim o tentam transmitir. Sabe-se assim que o Adolfozinho era viciado em "speeds" e sofria de Parkinson. Estranho, não?

O maior tirano do séc XX, não passa assim de um toxicodepente! Já imaginaram que certas figuras publicas, as demais que têm comportamentos entusiasticos e enraivecidos nos seus discursos, podem também certamente ser adeptos destas "novas" drogas alucinantes? Pensem em discursos de pessoas "famosas" e agora façam as comparações com o nosso austriaco e tirem as vossas conclusões! Será que o "eixo do mal" mudou de religião? Antes era judeu...agora é islâmico. Só uma questão de orientação! Nada mais!

Adiante... Será que em tempos vindouros estaremos presente num novo Holocausto?Mas desta vez encabeçado com agentes do FBI em vez das SS, onde o gaz deu lugar à injecção letal, e onde Auschiwtz é Guatanamo...

Diga-se e não se condene este senhor chamado Hitler, pois fica assim demonstrado que ele somente perdeu a guerra pois a "detamina" ou lá o que é, não funcionava. Fica agora a questão no ar de que se ele não ficasse doente onde estaria o senhor Bush agora? A fazer lutas de cowboys no Texas, no seu rancho cheio de petroleo ou a trabalhar num possivel campo de concentração ou a fazer de chão?

Compare-se um ao outro e escolha-se o pior! Mas senhor Bush...não nos faça rir que não tem piada nenhuma.

Resposta...

Aqui em carta aberta, já que vi que és um visitante assiduo deste meu pequeno mundo, dou-te a minha resposta ao teu email.

"Errado. Ou melhor certo para 99% de atrasados que serao atropelados e
ultrapassados em felicidade por os 1% que nao pensam assim e que brincam
pelo resto da vida." Esta tua frase supostamente comenta a minha: "Cresci e encontrei um mundo onde só vence a desigualdade, onde as
simples brincadeiras não passam de um estágio para uma vida dura e
difícil de adolescente e jovem."

Pois é...isto merecia um discurso bem fundamentado, uma resposta atrevida e muito pensada. E um grande sermão. Mas como não tenho paciência, digo apenas que é sempre bom conservarmos o nosso espirito de criança, de descobridora, de sonhadora e não nos contentarmos com o que vemos no dia-a-dia. Tentar mudar aquilo que está mal e faze-lo melhor. A tua resposta demonstra um certo egoismo e talvez uma atitude irresponsavel perante a vida e a confirmação de que infelizmente para 1% se divertir, os outros 99% vivem mal e sem vislumbres de melhorias. É obvio que todos devemos mudar e tentar alcançar o melhor possivel, mas nem todos temos as mesmas oportunidades. Cada um deve perseguir os seus sonhos e nunca desistir, mas o que eu condeno é que o mundo todo parece que põe entraves para que isso aconteça. Sem mais de momento...

(não digo que a minha interpretação possa ter sido parcial, mas foi o que me passou pela cabeça, já que por vezes faço ou escrevo coisas sem pensar)

fevereiro 03, 2004

O mundo não é o que existe, mas o que acontece”
(Mia Couto)

Há uns tempos atrás, penso que em Julho ou Agosto li dois livros deste grande escritor moçambicano. Apesar de ter um carácter “esquerdazoide”, há muitas passagens dos seus livros, frases, que tenho copiado para um caderno de notas. Há frases simples que desejam uma reflexão ou olhar diferente. Dai que destaquei a que antecede este texto, como a que transponho a seguir: “Saudade de um tempo? Tenho saudade é de não haver tempo”.

Cada sujeito dá a sua importância e interpretação. Pode até lê-la e não lhe fazer qualquer sentido. A mim faz. Faz-me retornar à infância, àqueles dias esquecidos na memória, de um passado triste e singelo. Faz-me lembrar as brincadeiras sinceras e sem maldade de uma criança com desejo de viver num mundo colorido, onde tudo dá certo e não há mágoa nem dor, mas sempre amor e perdão. Desilusão a minha. “A vida é uma desilusionista” Cresci e encontrei um mundo onde só vence a desigualdade, onde as simples brincadeiras não passam de um estágio para uma vida dura e difícil de adolescente e jovem. Malfadado destino, onde impera o rancor e a vingança, onde o homem só olha para si e onde o olhar assustado de um garoto o constrange e leva a ter momentos de lucidez, que o desperta para a realidade; realidade essa que se esvai como se nunca tivesse acontecido.

Como pode este ser, que se diz inteligente, culto, sabedor, ter tamanha maldade nos seus pensamentos? Como se pode viver assim, com medo e com temor? Nada do que se sabe tem importância nos corações destes seres desumanos…sim… “humano” é uma palavra de mais, para gente que já não merece ser chamada assim. Sejam poderosos, sejam pobres; sejam velhos, sejam novos. Quem tem dentro de si desejos maus não merece ser chamado “humano”. Não merece conhecer as poucas maravilhas que ainda existem neste mundo estragado pelo ódio.

“E assim vivo, infeliz.
Desesperado só por ser humano.
E humano sem saber como é que o fiz”. (Miguel Torga)

Importa referir que isto tem que mudar, muitas coisas têm que acabar. Nada do que dizem dá vontade de lutar, de fazer vencer. Aceitam-se novas vidas, novas ordens. Aceitam-se novos partidos e novas decisões. Mas não se aceita qualquer coisa. Novo não implica melhor, isto precisa ser dito.

Já chega deste sofrimento cruel. Não dou soluções. Não as tenho. Mas sei que assim não há esperança. Viver já não implica felicidade, apenas conformismo. Basta!
Basta de viver num mundo onde a “paz possível é não ter nenhuma”(Miguel Torga)

Como é possível chegarmos a este final onde neste “mundo há mais dentes que bocas; é mais fácil ser mordido que beijado”. Será que ninguém fica indignado, revoltado? O amor já não impera. Já ninguém vive por ele. Já ninguém lhe dá razão e valor. Já dizia Pessoa que “Ao menos se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois, sem que a minha lembrança arda ou te fira ou te mova. Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos nem fomos mais do que crianças”. Se calhar não vale viver por amor, não vale, porque há-de haver mágoa, dor, e sofrimento. Mais vale não acontecer. Desprezar pode ser o melhor. Ninguém fica ferido. “Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti. Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim à beira-rio. Pagã triste e com flores no regaço.” Será que esta atitude irá prevalecer? Será que ninguém vai lutar pelo amor, será que mais ninguém amará?

Que isto não aconteça! Viver é nunca desesperar! É cada dia renascer! É crer nalguma coisa! É simplesmente amar!

fevereiro 02, 2004

EU

Laura Alexandre, 18 anos, jovem estudante, caloira de uma tal de Faculdade de Direito de Lisboa, sem pertencer a nenhum partido quer de esquerda ou direita, com projectos para uma longa vida, onde estão presentes certas metas a alcançar, está à beira de um ataque. Considerada uma pessoa calma (o meu oftalmologista assim o diz), hoje ficou estupefacta com um documentário sobre o Paquistão.
QUERO IR LÁ!

Sem mais comentários, aquilo é lindo. Os seres do sexo oposto são horriveis, mas as mulheres são lindas e têm "cenário". Civilizações como eu gosto. Onde se encontra nas ruas carros último topo de gama e carroças puxadas por cavalos magnificos, donde provavelmente descendem os nossos Lusitanos.Caminhos da rota da seda e arquitectura fantastica. Costumes magnificos. Tou maravilhada.

Aproveitando umas palavras da minha tão estimada amiga Catarina, que me aconselhou um livro: "epopeia de Guilgamesh. A busca da imortalidade, de um sentido para a vida.A insatisfação da monotonia da vida do homem urbano, k se casa, tem filhos, trabalha e nada mais.Descobri k os antigos consideravam k o paraíso era algures para oriente, perto do Tigre e do Eufrates". Assim sendo, aqui fica o conselho, pois o meu estado de espirito e a minha intuição dizem que este deve ser um livro bom. Nestas simples palavras desta minha companheira, aqui ficam o meu medo mais terrificador, mais uma vez repito:"A insatisfação da monotonia da vida do homem urbano, k se casa, tem filhos, trabalha e nada mais". O meu receio. O meu pavor. A minha tormenta. A vida efémera é demais para náo ser aproveitada.

Eu, nao posso dizer nada mais sobre livros, porque tenho dedicado metade da minha alma aos livros de estudo, e deixei o meu carissímo Mario Vargas e o seu Paraiso na Outra Esquina, para os poucos tempos livres que me restam. Mas fica a critica que até agora tem sido um bom companheiro. Pelo menos condena a relgião nos aspectos em que eu o faço e o prazer sem responsabilidades.

Tenho alergia. As novas doenças do mundo actual, cada uma mais estranha que a outra. Desde a Esclerose até a uma simples alergia cutânea, são doenças, todas condicionadas pelo sistema imunitário. É estranho. Andei a ver o Odisseia, mas é verdade. Qualquer dia não temos bactérias amigas.Anda tudo a ver quem trama quem! Que tristeza! Já lamento ser racional. Mais valia não ter consciencia. Assim não me preocupava com nada. Feliz de quem o é sem saber como.Viver na ignorância ou na ingenuidade é mais sadio e não magoa tanto.Este mundo está louco!

Vou mas é parar com estas lamentações, porque eu não preciso disto. Sim, tenho consciencia do que me rodeia, olho com tristeza, mas a vida é em frente. O passado está lá atrás e ninguém volta atrás para o consertar. Toca a construir o futuro. Querem revoluções? Novas ideias? Novas teorias, hipocrisias? Para quê? Para matarmo-nos, para destruir o que está feito? Oh mentes pacíficas, sem desejos, sem sonhos. Levantem-se, ergam-se, corram... Temos a vida à nossa frente, o vento para nos guiar! Tanto caminho para percorrer. Cantem cantigas, digam asneiras, soltem os corações, façam poemas. Nada há que nos detenha. Somente a consciencia e os preconceitos. Sejam sinceros, sejam humanos, sejam vocês. Rir não faz mal, errar muito menos. O tempo cura e o que passou passou. Sacrifiquem este olhar doce pelo desejo de mudar um dia.

Bloquei. Vou estudar. Tenho que lutar...