Uma travessia...por vezes fácil, outras vezes difícil. Um deserto, onde se tenta desesperadamente encontrar um oásis para ai permanecer, pelo menos na triste ilusão de ser feliz.

fevereiro 20, 2004

Suposto modernismo

Este ano é o 7º ano que sai da ilha. O que posso eu dizer sobre isso?

Pois bem… de acordo com os cartazes do PS, já que aqui na região o povo se prepara para as eleições autónomas, “Facto é facto. Hoje nos Açores vive-se melhor”.

E é verdade. Ninguém pode dizer o contrário. A ilha teve um desenvolvimento estrondoso face às outras regiões do país, tanto a nível de infra-estruturas, como turismo, habitação, etc, etc. De acordo com as estatísticas últimas, calcula-se que residam 100 mil pessoas num pedaço de terra no meio do mar. Nestes dois últimos anos foi um só de construir hotéis todos modernos e “xpto´s”. O nível de vida desta gente aumentou imenso. Só desejo que se mantenha e que se arraste às restantes ilhas, não concentrando tudo na mesma. Como aumente também o nível de Cultura, o que daria imenso jeito.

Não sei a que se deve, se ao Estado, se ao Governo Regional, se às Câmaras, mas deve-se a alguém ou a um trabalho conjunto. Portanto, os meus parabéns a esse “alguém”.

Só lamento imenso que ainda se veja a região como um tanto sub-desenvolvida, mas não será de facto essa a verdadeira realidade? Não escondamos a indecência desta terra por detrás de hotéis “5 stars” e estradas arranjadas. Que esse “alguém” a quem eu atrás agradeci que actue de modo a não se olhar mais para os açorianos como um “bando de pardais à solta” quando vão ao “continente”.


Onde anda a Educação?

Aproveitando o raciocínio anterior, a educação tem que mudar. Alguma coisa tem que mudar.
Talvez o mundo tenha todo que mudar. Uma nova Arca de Noé podia-se construir e apenas se guardariam os animais, já que nós não mereceríamos ser salvos. Gasta-se milhões de euros em coisas inúteis, em festas, em negócios milionários e como é possível que haja crianças de 15 anos que mal consigam escrever o seu nome? Onde andam as assistentes sociais, toda essa gentinha ligada ao bem-estar dos mais carentes?

Peço desculpa por este meu discurso politicoide, sei que só falta dizer a tão bela frase, não “inverdadeira”: “gasta-se milhões com o Euro2004 e continua a haver listas de esperas nos hospitais”. Mas como mentiras não digo, este lamento inalterado pode ser. Soa num tom Manuela Moura Guedes, mas infelizmente é o que consta.

Parece-me, de tantas histórias que ouvi contar como todas aquelas que presenciei, que os nossos queridíssimos governantes só se preocupam que nas estatísticas deste país à beira mar plantado, apareça um baixo nível de insucesso escolar, baseado na entrega de diplomas de escolaridade obrigatória concluída. E depois admiram-se e contesta-se que o 12º ano deve ser obrigatório. É claro que deve. Mas por favor… isto já é degradante. Não destruam por completo o sistema de ensino, isto se, ele não se auto destruir por si, já que o nível de preparação infelizmente é extremamente baixo.

Como é possível que os alunos consigam passar anos seguidos com negativas a Português e Matemática? Como é possível que se um aluno tiver uma negativa a uma disciplina nuclear e mais duas ou três, ou lá como as normas estão estabelecidas, consiga acabar o 9º ano sem problema algum? Seria mais fácil que ao nascermos os nossos papás, quando nos fossem registar, encomendassem e deixassem reservado logo o canudo. Que bom era a vida! Já que não vale a pena trabalhar, então não se trabalhe mesmo nada.

A minha mãe teve no ano passado uma bela turma de um tal programa recorrente chamado Pop. Segundo ela, eram alunos que chegaram ao 2º ciclo, pois a idade assim o reclamava. Agora digam-me… será justo alunos que mal sabem ler ficarem com o 6º ano e iniciarem o 7º ano para em 2 anos ficarem com as mesmas habilitações que um aluno que tem um percurso normal de 5 anos? Não seria mais adequado dar uma diferente instrução a estes miúdos, algo que os preparasse para um futuro profissional e que lhes indicasse ao menos um norte? Onde andam as escolas profissionais, os subsídios da Europa?
Afinal, onde anda a Educação?

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