Uma travessia...por vezes fácil, outras vezes difícil. Um deserto, onde se tenta desesperadamente encontrar um oásis para ai permanecer, pelo menos na triste ilusão de ser feliz.

abril 06, 2006

Hoje descobri na blogosfera este post que com alguma pequenas diferenças de sexo e etárias, deixaram-me reviver um pouco certos acontecimentos que para mim significaram muito, naqueles dias em que acordávamos com vontade de beber o leite e ir para a rua brincar.
Se tiverem paciência, leiam; afinal, todos nós tivemos um pouco disto...

Uma vontade de rir... "nasce do fundo do ser"...

Hoje acordei assim a modos que…nem sei colocar em minúsculas…Dizer que dormi, já é um luxo, talvez descansar o esqueleto…ou melhor, acho que se houvesse farinha tinha ficado o melhor panado do mundo, tal foram as voltas que dei…sem dormir e o relógio não ajuda…Lá está a precisão do momento…Há muito que não me acontecia…Preferia não me ter acontecido.Necessitei…ou melhor a minha mente precisou procurar o sítio, um sítio onde o mundo, ou as pessoas não fossem tão complicadas, onde a pureza e o “enjoy the moment” estivessem presentes, mesmo sem o saber que aquilo era uma precisa e exacta ideia de felicidade…Onde quem decidia por nós, o fazia somente com a preocupação de não irmos para a rua fazer figuras tristes das cores da roupa não combinar…Era a inocência da mamã dá licença…
Quando era criança, ou melhor mais criança…
Lembro-me da altura do Verão Azul em que a amizade não era descartável, era a união que fazia a força para o bem e para o mal, sem que este bom ou mau fosse decidido apenas por uma das partes, mas em conjunto, unidos…Os miúdos e graúdos juntos apesar das suas muitas diferenças, a trautear a canção do “no me moveré” e a soltar assobios pelas ruas, de bicicleta, com o vento a bater nas caras… E o Sorriso escancarado, bem como a falta de alguns dentes…Quando a amizade era para sempre e inamovível, tal como a dos “The Famous Five” (weee are the famous fiveee…lalalla) cheia de aventuras, sarilhos mas presente…Alturas em que o Marco irrompia pela T.V. adentro à procura da Mãe… Ou a Abelha Maia lhe seguia os passos e às 8h da manhã já não havia sossego para ninguém…Quando o Vasco Granja nos servia aqueles desenhos que mais pareciam peças de humor inglês…mas em checo…De quando ansiávamos chegar da escola (bem como as pessoas que nos asseguravam a vigilância, querida…) e todos sabiam que enquanto desse o Misha, e as Les Mistérieuses Cites D’Or ninguém piava e podiam contar verdadeiramente com o conceito de Paz…E o Dartacão…O Dartacão aliás marcou-me demais…nele baseei e tirei o conceito de como os laços de amizade se deviam revestir, aliado também com uma música fabulosa, que não saía da cabeça e que aliás me leva a trautear agora e vejo que faz milagres ainda hoje…Lutar contra as Miladys manhosas que a todo o custo queriam destruir a mando do Cardeal o Bom, o Bem… Um Por Todos e Todos Por Um, grande lema…! Dito com toda a cagança e pujança aquando as reuniões do grupo lá da Rua…Ainda hoje acredito nele… no hino e no que ele englobava…para falar verdade, não precisava de mais nada para ser feliz…

Era uma vez os três
Os famosos moscãoteiros
Do pequeno Dartacão
São bons companheiros
Os melhores amigos são

Os três moscãoteiros
Quando em aventuras vão
São sempre os primeiros
Quando eles vão combater

Já não há rival algum
O seu lema é um por todos
E todos por um
O amor da Julieta

É o Dartacão
E ela é a predilecta
Do seu Coração
Dartacão, Dartacão

Correndo grandes perigos
Dartacão, Dartacão
Persegues os bandidos
Dartacão, Dartacão
E os três moscãoteiros
Longe vão chegar...
Dartacão, Dartacão

És tu e os teus amigos
Dartacão, Dartacão
Em jogos divertidos
Dartacão, Dartacão
Vocês são moscãoteiros
A lutar...

O Bana e Flapi tinham uma música fabulosa…pois era uma fábula…As Fábulas da Floresta Verde:”é bom ver na floresta o sol nascer, é bom imaginar no que irá acontecer…são tantas amizades, são histórias de amizades que vão nossos amigos animais viver…lalalala…fabulosas fábulas que nos fazem sonhar…a festa da amizade que se tem para dar…lalalla”
O Tom Saywer, que me fazia lembrar um pouco de mim (não na parte dos suspensórios) nas minhas aventuras escolares, o episódio em que ele descobre que o professor usa capachinho, aquele professor ríspido merecia aquelas tropelias todas…eu fazia-as, oh se fazia…. ;-) a música era o máximo:
Vês passar o barco rumando p’ró o sul
Brincando na proa gostavas de estar
Voa lá no alto, por cima de ti um grande falcão, és o rei és feliz
E quando tu vês o Mississipi
tu saltas pela ponte e voas com a mente
Corre agora corre e te esconderás
entre aquelas plantas ou te molharás
E sonharás que és um pirata tu
sobre uma fragata e sempre à frente de um bom grupo de raparigas e rapazes
Tu andas sempre descalço, Tom Sawyer
junto ao rio a passear, Tom Sawyer
mil amigos deixarás, aqui, além…Lalallala

Naquela altura os feitos eram grandes, as amizades para uma eternidade, mas a eternidade era o hoje, pensava-se lá no amanhã…o meu conceito de amizade não evoluiu muito, mas talvez devesse…é o que penso hoje…Há coisas que não entendo… Na altura não era preciso muito, era fácil…jogar ao berlinde, ficar com os melhores, fugir da vizinha que teimava em não querer que fizéssemos buracos na rua -mas como queria ela que jogássemos ao berlinde então?? Ok, já percebi, não queria…mas pior para ela, fazíamos então os buracos maiores que conseguíssemos e tínhamos então o maior prazer em arreliá-la e a tirar do sério…o máximo estava em andar em grupo e bater com garrafas de vidro no ar e fazer com que elas se partissem sob as nossas cabeças – perigosíssimo, pois…mas as mães não sabiam e nós também não, que era perigoso…Para nós perigoso e sinal de trabalhos era a bola ir parar ao Quintal da Vizinha Maldisposta…ficávamos sem ela e ela aumentava a colecção…O Saltar ao elástico, que a bem dizer era complicado para mim, porque quando os outros não tinham problemas até à cintura, essa medida nos outros a mim já significava os meus ombros, mas ia a todas… “Saltar à corda, o salta o Pedro e salta o Paulo, dois rapazinhos a saltar à corda…lalala” …Os desafios….o jogar ao Mata, que às vezes era um autêntico: Levas uma bolada, cais inanimado, tal eram os “bojardos”…Jogar ao bate-pé…como um prelúdio…Depois cresce-se e lembrar isto traz um sorriso saudoso, mas prazeiroso, sobretudo em dias que colocamos em causa o Mundo e temos vontade de o mandar Foder… Em que algumas coisas doem…tal como sair desta realidade, ver alguns optarem por certos caminhos, e nós termos optado por não o fazer…vê-los crescer encolhidos, e muitas vezes desaparecerem…Tento lembrar-me dos putos de ontem, que faziam parte do grupo, que fazia os casebres que eram verdadeiras sociedades secretas feitas dos mais diversos materiais – muitas vezes em locais tão secretos que eram só conhecidos pelas pulgas, pela quantidade que apanhava e nós – dos anões em que havia direito de admissão, hoje é um pouco assim…o direito de admissão aos nossos corações e à nossa alma é um pouco assim… acabamos por usar as mesmas coisas que conhecemos e reconhecemos, apenas em planos diferentes…
Naquela altura não havia desculpas para viver, nem éramos desculpa para as escolhas dos outros… Mas uma coisa fica, não podemos ser empurrados para o que os outros pensam ser o “melhor”, há opções do ontem que não servem para o hoje, nem justificar a presença amanhã…. Eu pelo menos não reajo bem a empurrões…e relembro “No me moveran!” lallalal
Espero que hoje durma…porque também como os desenhos ensinaram… jacky, o urso de Tallac…jacky jacky…lalala corre mundo, como é bom ser livre e feliz lá no fundo…. llalla vem a noite sente medo, seus amigos dormem já…de manhã nasce o sol, todo o bosque despertará…. lalallala
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