Uma travessia...por vezes fácil, outras vezes difícil. Um deserto, onde se tenta desesperadamente encontrar um oásis para ai permanecer, pelo menos na triste ilusão de ser feliz.

outubro 09, 2007

O mar ou tu?

Amei-te.

E sorriste. E com esse gesto, os teus olhos brilharam e a tua pele transformou-se em luz. Falaste para mim, olhando-me seriamente na expectativa de eu prestar atenção a mais uma daquelas conversas tuas, que pensavas que eu não gostava.
Mas gostava.
Eu revi-me em ti, na tua luz, nessa forma que eu tanto amei de pensar a vida. Beijei-te às escondidas, sem ninguém ver.
Mas viram.
Ri-me de ti quando me querias ver sorrir, gritei contigo para não parares de me beijar e para não fugires. Mas a minha voz não chegou.
Ficou perdida no mar.
Ficou perdida, como eu fiquei, como ficamos perdidos quando não nos queríamos perder, mas perdemo-nos. Perdemo-nos porque fizemos por isso, porque vagueamos sem rumo, numa noite em que não havia tempo.
Mas o tempo, esse monstro que nos envelhece e atormenta, nunca deixa ninguém.
Às vezes, fica sossegado, à espera do momento mais cruel para nos mostrar que não podemos ser felizes.
Fica a olhar para nós, num canto, sempre a querer aparecer para nos assustar. O tempo é assim. Fugidio. Superficial. Macabro.

E o mar.
Olhamos o mar tantas vezes. Queríamos que o mar parasse. Que o tempo ajudasse e o mar nos unisse.
Mas o mar não é de confiança. O mar é traiçoeiro. É matreiro. Prega partidas a quem nele marear. O mar só gosta de quem não gosta dele, porque o mar não quer ter dono nem ser de ninguém.
E eu pedi-te para me abraçares. Para me contares histórias do mar. E tu sempre com medo de que eu não gostasse das historias que era eu que pedia para contar.

Tu foste como o mar.
Foste imenso como a imensidão do mar.
Fizeste-me chorar para saber a que sabor tem o mar.
Explodiste em mim como as ondas do mar.
Navegaste em mim tal como andas no mar.
E foste cruel como é o mar quando se revolta, num cinzento escuro daqueles dias de vento forte e quando todos em terra têm medo e ficam a rezar num burburinho, para que a tempestade passe e devolva a beleza ao mar.

1 comentário:

O Mundo Contrário disse...

Melhor é impossível. A tua analogia é excelente.. a maneira q te experimes é maravilhoso.


Nao e por conhecer-te, mas sim pela riqueza do Blog em si: pra mim dos mlhores!:)

Gostei.

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Mas sabes, acho tao estupido uma pessoa gostar de um blog resultante de tristezas... enfim lol.

Um beijo e um queijo