Amei-te.
E sorriste. E com esse gesto, os teus olhos brilharam e a tua pele transformou-se em luz. Falaste para mim, olhando-me seriamente na expectativa de eu prestar atenção a mais uma daquelas conversas tuas, que pensavas que eu não gostava.
Mas gostava.
Eu revi-me em ti, na tua luz, nessa forma que eu tanto amei de pensar a vida. Beijei-te às escondidas, sem ninguém ver.
Mas viram.
Ri-me de ti quando me querias ver sorrir, gritei contigo para não parares de me beijar e para não fugires. Mas a minha voz não chegou.
Ficou perdida no mar.
Ficou perdida, como eu fiquei, como ficamos perdidos quando não nos queríamos perder, mas perdemo-nos. Perdemo-nos porque fizemos por isso, porque vagueamos sem rumo, numa noite em que não havia tempo.
Mas o tempo, esse monstro que nos envelhece e atormenta, nunca deixa ninguém.
Às vezes, fica sossegado, à espera do momento mais cruel para nos mostrar que não podemos ser felizes.
Fica a olhar para nós, num canto, sempre a querer aparecer para nos assustar. O tempo é assim. Fugidio. Superficial. Macabro.
E o mar.
Olhamos o mar tantas vezes. Queríamos que o mar parasse. Que o tempo ajudasse e o mar nos unisse.
Mas o mar não é de confiança. O mar é traiçoeiro. É matreiro. Prega partidas a quem nele marear. O mar só gosta de quem não gosta dele, porque o mar não quer ter dono nem ser de ninguém.
E eu pedi-te para me abraçares. Para me contares histórias do mar. E tu sempre com medo de que eu não gostasse das historias que era eu que pedia para contar.
Tu foste como o mar.
Foste imenso como a imensidão do mar.
Fizeste-me chorar para saber a que sabor tem o mar.
Explodiste em mim como as ondas do mar.
Navegaste em mim tal como andas no mar.
E foste cruel como é o mar quando se revolta, num cinzento escuro daqueles dias de vento forte e quando todos em terra têm medo e ficam a rezar num burburinho, para que a tempestade passe e devolva a beleza ao mar.
Uma travessia...por vezes fácil, outras vezes difícil. Um deserto, onde se tenta desesperadamente encontrar um oásis para ai permanecer, pelo menos na triste ilusão de ser feliz.
outubro 09, 2007
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1 comentário:
Melhor é impossível. A tua analogia é excelente.. a maneira q te experimes é maravilhoso.
Nao e por conhecer-te, mas sim pela riqueza do Blog em si: pra mim dos mlhores!:)
Gostei.
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Mas sabes, acho tao estupido uma pessoa gostar de um blog resultante de tristezas... enfim lol.
Um beijo e um queijo
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