
Escolher a fragilidade, decidir pelo mais óbvio, optar pelo permitido;
Ver-te carente e saudoso, ouvir-te sem planos, saber-te sozinho.
Somos sempre tão cobardes e passivos.
Queremos aquilo que nos faz ter menos suor, o mais fácil ganhar, a batota.
Queremos o hábito, pouco lutamos pela mudança e desprezamos sem saber a liberdade maluca.
Fingimos desconhecer a coragem, escondemo-nos atrás de um véu de ilusões e não perdemos muito tempo a tentar ser feliz.
Giramos num mundo de comilões hábeis, sentimentos frágeis, tempo escasso e egoísta.
Temos medo do desconhecido, mantemos esta máscara natural e uniformizada igual à face do anónimo que passa por nós no outro lado da rua.
Ocultamos o nome, escondemos o olhar, tentamos tapar a pele arrepiada por te reencontrar noutra vida que julgamos ser a presente.
Já não sabemos chorar, já não brilham os olhos à luz do luar quando dizes que gostas de mim, já não me escorrem as lágrimas sofridas, pela pele até ao umbigo.
O cansaço apodera-se dos músculos, da alma, da voz.
Seguimos pela estrada sem fim, vagueamos por aí, e tememos a sorte de te voltar a olhar.
Abrir o sinal
Jorge Palma in Voo Nocurno
Eu disse "vamos partir, o espaço é seco, vazio e banal, vamos fugir!"
andámos de lugar em lugar
talvez a deixa fosse má, afinal a marca ainda cá está
a conspirar nalgum patamar
Não é o momento de te aconchegar
e não posso ver-te mal
acho que chegou o tempo de abrir o sinal
não sou suposto ver onde vais
nem saber com quem tu sais
neste canto meu
tens um mundo que é só teu
Olha que os nossos pés, mesmo que às vezes estejam de revés, são de proteger
respondem à voz do coração
com erva, vento, pedra e frio, na montanha ou no rio
merecem ternura e atenção
Não é o momento de te aconchegar
e não posso ver-te mal
acho que chegou o tempo de abrir o sinal
não sou suposto ver onde vais
nem saber com quem tu sais
neste canto meu
tens um mundo que é só teu.
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