Nessa noite cantou-se o poema sem tom e sem calor mas ficou-lhe essa palavra a saber-lhe a algo mais do que um simples entoar de sons e murmúrios.
Viu-se nele como ela se tinha visto e recordou com o mesmo entusiasmo de antes. Não desapareceu da memória que quer rasgar, dessa ferida a nú, que conserva no presente a latejar de preconceito e receio.
Confronta-lhe a mágoa que sente e fica resumida àquele brilho que deseja, para onde quer que vá e onde estiver, em qualquer momento, em todas as vidas que tiver que ter.
Desgasta-a a intensidade das frases que trocam, do olhar que gritam e de toda a dança escondida dormente e sem fulgor.
Vive por detrás de véus demasiado frágeis de se quebrar, à espera de um dia que não virá. Do dia em que acordará e olhará para ele, e se lembrará da tristeza que conforta esse amanhecer com o seu olhar terno e tranquilo, decidido e de pedra por perfurar. Beijará o seu corpo, abraçará a sua alma e abandonar-se-à ao seu espírito, guiando-se pelas curvas de um fio de cabelo débil que simboliza o que os une e o que os separa.
Reina a desordem no caos da derrota de mais um dia sem o beijar, confrontando-o mais uma vez com o brilho desse toque e do gosto do seu cheiro.
Algum dia o futuro se tornará o presente e o presente se tornará um passado?
Uma travessia...por vezes fácil, outras vezes difícil. Um deserto, onde se tenta desesperadamente encontrar um oásis para ai permanecer, pelo menos na triste ilusão de ser feliz.
janeiro 06, 2008
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