Conheço-te desde que nasci. Partilhei contigo momentos da minha curta vida que hoje guardo para recordar com o sabor do amor e de carinho que se tem por quem se quer bem.
Em mais um dia triste que te recordo de te ver pela última vez, naquela cama, naquele quarto, sei que sinto a tua falta e que a vida mudou sem eu mudar.
Olho-me ao espelho e vejo o teu reflexo. Acordo a sonhar contigo.
Pegas-me ao colo como tantas vezes fizeste e resmungas como eu tanto não gostei.
Tenho saudades de chegar a casa e de te dizer "olá". Partilhar histórias de outros dias e esconder-te o momento que era só meu.
Recuso-me a passar por aquela porta e não te ver naquela mesa. Sei o teu nome porque faz parte do meu e choro a falta que me fazes.
Gostava de ter mais tempo contigo e viver mais do que eu sou. Porque sou o que sou porque tu me fizeste assim e o que gosto, aprendi contigo.
Lembraste de tantas vezes me sentares ao calo e comeres comigo?
De jogarmos às cartas até nos mandarem para a cama...
De me pedires coisas que só eu te ia dar... às escondidas na cozinha a procurar os teus pedidos de última hora com os quais todos se zangavam contigo.
Lembro-me de me dares a mão e irmos ver o comboio chegar.
De te desarrumar a secretária e de ralhares comigo.
Lembro-me do último beijo que te dei e da nossa despedida.
Das lágrimas que me escorrem quando soube que tinhas partido.
Do telefone. Da dor de mexer na roupa. De te saber num sítio longe e tão presente em mim.
De já não recordar a tua voz porque não a ouvi mais.
Saber a sonoridade. Querer-te ouvir mais do que em sonhos. De te abraçar e dizer que sinto muito a tua falta, Meu Avô.
Uma travessia...por vezes fácil, outras vezes difícil. Um deserto, onde se tenta desesperadamente encontrar um oásis para ai permanecer, pelo menos na triste ilusão de ser feliz.
dezembro 18, 2007
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