Entras num voo que não sabes que final terá. Bates essas asas precoses que são frágeis demais para uma viagem demasiado grande. Sentes o vento frio no corpo morno que cedo arrefece e te torna o sangue em gelo.
Partes num percurso não desenhado em qualquer mapa nem te conduzes pelos teus iguais. Vais sozinho nessa descoberta tardia desse céu que só tu queres conhecer.
Embarcas em silêncio sem olhar para trás e logo te apercebes do duro que será.
Mas ser pássaro é assim.
PODES VOAR!
Sentes a liberdade de sair do ninho e quebras as amarras que te ligam ao lar. Perguntas-te porque mais ninguém te segue. É hora de fugir dali. De aventura. Mas ninguém olha para ti. Desprezam-te por quereres desistir de uma vida cómoda e igual à deles. Olham-te como se não pertencesses ali, àquele ninho, à tal família a quem dizes pertencer.
E tu não queres saber.
SALTAS
... e VOAS!
Leve como uma pluma. Livre como o ar.
Aquele segundo tornou-se a tua vida. Nada mais esperas do que simplesmente voar. Voar para sempre. Navegar pelo céu. Ir até às estrelas, e não te importas de não voltar, porque já viveste aquilo para que nasceste.
Voas até ao sol. Até à tua última força para bater as asas.
Voas até ao teu último suspiro.
Voas até ao teu último olhar a contemplar a visão de uma vida em que não tiveste medo de te libertar, porque o teu sangue gelou e morres ali sem nada que te atormente, nesse teu voar de pássaro livre.
Uma travessia...por vezes fácil, outras vezes difícil. Um deserto, onde se tenta desesperadamente encontrar um oásis para ai permanecer, pelo menos na triste ilusão de ser feliz.
dezembro 13, 2007
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