Uma travessia...por vezes fácil, outras vezes difícil. Um deserto, onde se tenta desesperadamente encontrar um oásis para ai permanecer, pelo menos na triste ilusão de ser feliz.

dezembro 26, 2007

O muro

Conversas no frio de uma noite de inverno. Uma chuva miudinha a chatear os trausentes que passam e quem fala, agarrada a um cigarro para esconder um nervoso miudinho que é voltar a estar ali. Não com ele, mas sem ninguém.
Falas num burburinho, com medo de palavras fortes que possam ferir ideias ou mentalidades diferentes da tua. Mas agradeces a quem te ouve, escutar-te como se fosses uma sábia, cujas palavras são absorvidas como se uma verdade absoluta fossem.
Não são a verdade, mas são verdadeiras. No sentir, no seu som, no seu significado, na forma que lhe dás no teu dizer.
Resmungas e sofres a tapar a revolta que tens em abalar o mundo. Vives em pleno turbilhão desesperante que é lidar com situações com as quais não sabes conviver e as tuas capacidades estão muito além da realidade que te apresentam. Não queres ser arrogante mas, à tua volta só vês experiências demasiado banais para o teu ser e de tão inúteis que são, dar-lhe valor é diminuir o teu ser e enfrentar um lugar que não é o teu.
Largas um sorriso e enfrentas a razão...

Ouves música de Natal num outro dia em que marchas nessa tua busca incansável de ti.
Sentes algo que não consegues explicar e que exalta pelos teus sentidos uma impotência doce e calmante. Deixas de lutar pelo teu lugar. Não é ali, nunca foi, nem será. Imaginaste em tempos ocupar esse espaço, espaço que é demasiado pequeno para caberes lá.
O lugar nesse coração não existe e a tua dúvida permanece: será que houve um dia em que conseguiste entrar e apoderar-te do teu espaço ou foste sempre fustigada à entrada e tinhas apenas visões do que se passava lá dentro, como uma princesa com um muro muito alto à frente de onde ela consegue ver as torres do castelo, mas não consegue trepar o muro nem tem ajuda para chamar ninguém e dizer que está ali à tua espera!

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