Conversas no frio de uma noite de inverno. Uma chuva miudinha a chatear os trausentes que passam e quem fala, agarrada a um cigarro para esconder um nervoso miudinho que é voltar a estar ali. Não com ele, mas sem ninguém.
Falas num burburinho, com medo de palavras fortes que possam ferir ideias ou mentalidades diferentes da tua. Mas agradeces a quem te ouve, escutar-te como se fosses uma sábia, cujas palavras são absorvidas como se uma verdade absoluta fossem.
Não são a verdade, mas são verdadeiras. No sentir, no seu som, no seu significado, na forma que lhe dás no teu dizer.
Resmungas e sofres a tapar a revolta que tens em abalar o mundo. Vives em pleno turbilhão desesperante que é lidar com situações com as quais não sabes conviver e as tuas capacidades estão muito além da realidade que te apresentam. Não queres ser arrogante mas, à tua volta só vês experiências demasiado banais para o teu ser e de tão inúteis que são, dar-lhe valor é diminuir o teu ser e enfrentar um lugar que não é o teu.
Largas um sorriso e enfrentas a razão...
Ouves música de Natal num outro dia em que marchas nessa tua busca incansável de ti.
Sentes algo que não consegues explicar e que exalta pelos teus sentidos uma impotência doce e calmante. Deixas de lutar pelo teu lugar. Não é ali, nunca foi, nem será. Imaginaste em tempos ocupar esse espaço, espaço que é demasiado pequeno para caberes lá.
O lugar nesse coração não existe e a tua dúvida permanece: será que houve um dia em que conseguiste entrar e apoderar-te do teu espaço ou foste sempre fustigada à entrada e tinhas apenas visões do que se passava lá dentro, como uma princesa com um muro muito alto à frente de onde ela consegue ver as torres do castelo, mas não consegue trepar o muro nem tem ajuda para chamar ninguém e dizer que está ali à tua espera!
Uma travessia...por vezes fácil, outras vezes difícil. Um deserto, onde se tenta desesperadamente encontrar um oásis para ai permanecer, pelo menos na triste ilusão de ser feliz.
dezembro 26, 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário