Que faria eu sem te ver por breves instantes, neste mundo tão turbulento que é o meu corpo quando eu penso que se encheu de uma calma momentânea, e te vejo a desaparecer?
Faria tudo.
Era capaz de te matar e de te fazer acordar só com o meu respirar. Seria capaz de te bater e odiar, como te odeio e me odeio a mim, e gritar até ficar sem voz por todo o desassossego que me provocas com esse teu olhar de não me quereres ver.
Estou à tua frente e rogo-te para me que oiças. Que escutes as minhas preces e as minhas queixas, que me fites sem desviar, até ao momento em que nem eu nem tu, poderemos explicar aquele instante.
Quero ver-te chorar... não por mim, mas pelo que fomos e não chegamos nunca sequer a ser, porque não deixaste, porque não quisseste, porque fugiste alertando-me que se eu não fugisse também, nunca irias voltar atrás para me buscar.
E é essa a tua cobardia...o não quereres ou teres medo de querer. Não sei o que sentes, o que te conforta, o que te desespera ou te alegra. Nem quero saber. Quero deixar-te, quero sentir-me só minha, sem ansiedade para me tremer as mãos de cada vez que te escuto. Não quero ouvir a tua voz. Quero que desapareças de mim como sempre soubeste fazer, como fazes continuadamente nesse ciclo em que tanto me transbordas como eu seco por ti.
Quero-te bem fundo, sem fronteira entre a loucura e o desejo e não te quero, porque me enojas e eu não te sei já sentir.
Foge de mim como sempre o fizeste. Corre para bem longe onde eu não te possa alcançar e que eu fique sozinha com a minha imaginação e o meu amor por ti.
Despreza-me como sempre o fizeste que eu andarei atrás de ti, num grito mudo e com o meu sorriso de suave tristeza, aquela, que tu me fazes sempre que me dás a atenção que eu sempre quis, que te invoco, que te prende a mim porque eu quero que me prendas e tu soltas-me.
Não tens garra para me agarrares. És incapaz de me abraçar e sufocar-me com o teu corpo, num labirinto onde eu deixei de ter saída. Mas esse labirinto deixou de me assustar.
Não te quero senão bem, mas quero sair de lá. Não terei as tuas mãos a pedirem-me para que fique e eu não te entregarei nunca a minha alma, nesse embalo ardente que nunca chegamos a dançar.
Nunca me pediste permissão nem me deste a mão, nem nunca viste o meu corpo a baloiçar junto ao teu, só à espera dessa valsa dos amantes que eu sempre quis que tocassem quando nem eu nem tu esperássemos ouvir.
Uma travessia...por vezes fácil, outras vezes difícil. Um deserto, onde se tenta desesperadamente encontrar um oásis para ai permanecer, pelo menos na triste ilusão de ser feliz.
fevereiro 07, 2008
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