Que sentido damos aos minutos em que nos sentamos num banco de jardim a olhar uma paisagem distantemente dentro de nós?
Os carros a passar... o barulho da cidade...o vento a despentear o meu cabelo... a conversa tímida com alguém que não se conhece... o receio de não querer estar ali e a coragem da descoberta de ruas que não se conhecia.
Cruzou-se olhares em segredo com estranhos, visitou-se lugares que recordávamos, ouvimos a música de uma cidade que se perdeu na sua antiguidade, e que nunca recuperou de um passado, que apaixona os vagabundos deambulantes perdidos em si.
Esta cidade perdida outrora, desperta uma verdade despida e a tradição de uma gente, que não conhece mais fronteiras do que o bairro onde vive cada dia, trazendo às costas o barulho do eléctrico que estremece as velhas casas típicas e acorda alguém que quer dormir.
Um miradouro esquecido; uma igreja escura; um velho que canta o que ninguém quer ouvir.
Um cigarro; um café; os óculos escuros para o sol não ferir o olhar e o lenço para tapar o pescoço.
O vento é frio; a conversa é de situação;
e o tempo é demasiado curto para visitar o corpo de uma cidade sedenta de aventura, e que desespera triste e velha por novos homens que a descubram.
Uma travessia...por vezes fácil, outras vezes difícil. Um deserto, onde se tenta desesperadamente encontrar um oásis para ai permanecer, pelo menos na triste ilusão de ser feliz.
abril 01, 2008
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