Uma travessia...por vezes fácil, outras vezes difícil. Um deserto, onde se tenta desesperadamente encontrar um oásis para ai permanecer, pelo menos na triste ilusão de ser feliz.

julho 12, 2008

Um dia

Todos os dias o autocarro passava por aquele sinal, atafulhado de gente, com sono, a bocejar, a querer dormir, a desejar mais meia hora na cama, a pensar que dormiu mal, a esquecer-se de ter dado um beijo ao filho que foi para a escola.
Não havia dia em que houvesse um café aberto de madrugada onde tomar um café duplo, para aguentar uma manhã com telefones, e reuniões, e computadores e projectos.
Não havia nada que não estivesse pronto de manhã.

Eu não estava.
Nunca estive pronta de manhã. Nunca queria levantar cedo, nem lavar os dentes nem tomar banho. Sempre acordei a não querer e a ficar com saudades dos lençois,do conforto da minha cama e da janela por onde vejo o mundo deste meu ponto de vista.

Um dia acordei e resolvi ficar. Decidi deixar de fazer o que tinha sempre feito e ser mesmo eu a querer viver e não alguém a decidir por mim o que eu devia fazer.
Abri os olhos e o mundo teve uma cor diferente dos outros dias. Diferente de tudo o que tinha visto até hoje e as formas que se tinham tornado monótonas, transformaram-se em coisas simples mas abstractas. E isso libertou-me e fascinou-me.
Vesti o que tinha na cadeira, sem pressa, não me penteei nem pus perfume. Olhei para o espelho e gostei do reflexo que vi.
E pensei: "se eu gosto de mim assim, sem vaidade e mentira, alguém também pode gostar".
Peguei na mala, no telemóvel e fui-te buscar!

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