Todos os dias o autocarro passava por aquele sinal, atafulhado de gente, com sono, a bocejar, a querer dormir, a desejar mais meia hora na cama, a pensar que dormiu mal, a esquecer-se de ter dado um beijo ao filho que foi para a escola.
Não havia dia em que houvesse um café aberto de madrugada onde tomar um café duplo, para aguentar uma manhã com telefones, e reuniões, e computadores e projectos.
Não havia nada que não estivesse pronto de manhã.
Eu não estava.
Nunca estive pronta de manhã. Nunca queria levantar cedo, nem lavar os dentes nem tomar banho. Sempre acordei a não querer e a ficar com saudades dos lençois,do conforto da minha cama e da janela por onde vejo o mundo deste meu ponto de vista.
Um dia acordei e resolvi ficar. Decidi deixar de fazer o que tinha sempre feito e ser mesmo eu a querer viver e não alguém a decidir por mim o que eu devia fazer.
Abri os olhos e o mundo teve uma cor diferente dos outros dias. Diferente de tudo o que tinha visto até hoje e as formas que se tinham tornado monótonas, transformaram-se em coisas simples mas abstractas. E isso libertou-me e fascinou-me.
Vesti o que tinha na cadeira, sem pressa, não me penteei nem pus perfume. Olhei para o espelho e gostei do reflexo que vi.
E pensei: "se eu gosto de mim assim, sem vaidade e mentira, alguém também pode gostar".
Peguei na mala, no telemóvel e fui-te buscar!
Uma travessia...por vezes fácil, outras vezes difícil. Um deserto, onde se tenta desesperadamente encontrar um oásis para ai permanecer, pelo menos na triste ilusão de ser feliz.
julho 12, 2008
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